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quinta-feira, setembro 28 

A metrópole colónia e a importação da linha ex-colonies delux

Não sei o que se passa com os portugueses. Estão taralhoucos, já nem português sabem falar. A influência inglesa e a mioleira mole que o ar de Lisboa traz leva a que jánem saibam falar português. Vou só dar dois exemplos, resultantes do meu contacto com os jornalistas, profissão a que se exige um domínio da língua portuguesa.

Neste artigodo DN acabei de ler:
Concluiu-se que a política internacional (a política doméstica é uma história com contornos diferentes...) não vende...
para breve promete-se uma actualização no INE para passar a calcular o Produto Doméstico Bruto ou, numa fase mais avançada, o Produto Doméstico Grosso.

Deixo-vos a definição de doméstica, para que seja mais claro:
doméstica | s. f.
fem. sing. de doméstico
doméstica
s. f.,
mulher que se emprega nos trabalhos domésticos mediante salário;
mulher que só trata da sua casa, não exercendo nenhuma outra ocupação profissional.

Sugiro ao DN que crie uma secção de política doméstica, assunto de grande interesse para todos.

Ontem vi uma reportagem na RTP e também incluiu duas pérolas dos jornalistas: bilião e indústria.

O bilião vinha de bilion, que em português é milhar de milhão (1.000.000.000).
bilião
do Fr. billion
s. m.,
um milhão de milhões;
(nos EUA) um milhar de milhões.


Indústria vinha de industry, que em português é sector. (em Portugal temos a lendária Economia Indústrial, que sobre do mesmo problema de tradução e certamente entrou no país por Lisboa)
do Lat. industria
s. f.,
conjunto das actividades relativas à transformação de matérias-primas em bens de produção ou de consumo, servindo-se de técnicas, instrumentos e maquinarias adequados a cada fim;
actividade económica do sector secundário que engloba as actividades de produção e transformação por oposição ao primário (actividade agrícola) e ao terciário (prestação de serviços);
o conjunto das empresas industriais;
habilidade e destreza para realizar algo;
aptidão;
arte;
perícia;
profissão;
ofício;
invenção;
astúcia;
engenho.


É o que dá todos querem aprender línguas alienígenas e não chegarem a dominar a própria língua - usam-se as palavras de fora "aportuguesadas" e gera-se a confusão para quem sabe falar português. Quer saber inglês? Aprenda português primeiro, não se aprende uma língua estrangeira sem ter uma nacional.


Mais caricata foi a expansão de palavras de antigas colónias em Portugal, agora essas palavras passam por correctas. O melhor exemplo é estória, derivada directamente de story (foi uma ideia brasileira... ideia no Brasil escreve-se idéia, quase nem vale a pena referir que já vi essa versão em textos portugueses).

Procurem estória e vão encontraro seguinte:
A palavra não foi encontrada.

O corrector ortográfico do FLiP apresenta as seguintes sugestões:
história
estaria
escória
estoira
historia
estria
estónia
estourai

É que não basta um dicionário armar-se em moderno e acrescentar palavras para que isso passe a ser regra. Quando quiserem usar palavras da linha ex-colonies delux pelo menos tenham noção que de facto estão a escrever mal.

Aqui mais informações sobre o assunto, mas não muitas.
Outra notícia do DN refere questões de língua e ensino básico. Parece que querem ensinar mais umas coisas aos pobres e estúpidos alunos que não têm capacidade para aprender nada. É uma desgraça, não acham?

O dicionário utilizado foi o Priberam.pt

Concordo com o ponto de vista!

Aliás, acrescento ainda a parafernália de termos que surgiram com as Novas Tecnologias (e não só). Se por vezes é difícil encontrar equivalentes portugueses para firewall, o mesmo não se aplica a motherboard e a muitos outros.
Nestas áreas até é plausível a utilização da terminologia anglo-saxónica pois são avanços quase todos produzidos rapidamente e numa comunidade que se expressa em Inglês.
Já em áreas ligadas à gestão, marketing e afins, parece-me demasiado.
Aliás até há um episódio dos Gato Fedorento em que todas as frases possuem um ou mais termos ingleses...

Pertinente a referência à TLEBS que vai orientar a escrita dos novos portugueses. Algumas alterações discutíveis, mas a essência linguística penso que se mantém.

Gostaria de acrescentar apenas um outro ponto. Se repararmos existem uma série de palavras como: ouro e oiro; touro e toiro; louça e loiça. Penso que inicialmente seria apenas considerada uma delas correcta e actualmente aceitam-se as duas...

Como Camões:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...

Ao longo do tempo é natural que a língua vá sofrendo alterações. No entanto o momento presente distingue-se dos anteriores porque expõe muito mais a cultura nacional às culturas exteriores (basicamente anglo-saxónicas). O choque é maior e a influência também, surge o problema de serem demasiados impactos para a língua mãe se conseguir manter de pé. Tal como é difícil à natureza resistir e adaptar-se a choques cada vez mais violentos e rápidos também a nossa língua sofre dessa incapacidade de regeneração. Isso é que é novo e preocupante.
E se é para ser influenciado por alguma língua que seja uma minimamente bela, não por uma que se fica por "grunhid-ings".

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