estigma2005

Não percebo nada de Economia, portanto percebo alguma (pouca) coisa... Se bem que da análise do gráfico fico algo confuso...
Será que se pode dizer que o PIB no início da ditadura rondaria o valor 20 e no final perto de 60 (ou seja sofreu uma variação de +40). Se o último valor para 200? é perto de 130 significa que depois da ditadura sofreu uma variação de +70. Ou não?

A análise económica não é bem o meu forte mas é óbvio que durante a ditadura, num agregado famíliar típico da altura: 1 casal, 4 ascendentes e 6 descendentes, estas dez últimas pessoas encontram-se na miséria e a passar fome, contentes com o pouco-mal-me-chega esta sopinha de castanhas, enquanto por outro lado o casal pode dar-se ao luxo de belos manjares e até um automóvel com motorista!
Bem, tudo isto para dizer que regimes opressores gerem muito melhor dinheiros e opiniões. (Se eu nem falar posso, se me deixarem suspirar alto já é bom!)

Que fique bem claro, a melhor coisa que ditadura trouxe foi ter dado a conhecer todos os seus males e vícios nefastos a várias gerações que, por ventura, não transmitiram correctamente aos seus descendentes todas as maleitas e agruras sofridas.
Se a ditadura nos deu essa visão, então acho que sim: Salvos pela ditadura.

Realmente o grafico não da para ver bem mas é mais ou menos isto: entre 1960 e 1973 o PIB tem uma variaçao de, aproximadamente, +40, passando de 20 e poucos para 60 e poucos. Após 1973 e até 1990 sobe dos 60 e poucos até 100, ou seja perto de +40.
Muito se pode dizer sobre este periodo da nossa história e dificilmente se chegaria a um consenso. Se houve coisas muito mas também é verdade que as houve boas embora seja dificil para muita gente ve-las.

A verdade é que o crescimento foi sensivelmente igual, mas num período de tempo inferior no primeiro caso (sensivelmente 15 anos contra 25-30 anos), daí o nome
anos de ouro do crescimento económico, pela primeira vez referidos por um autor francês cujo nome não recordo (peço imensa desculpa).

A questão é que a economia não é um sistema fechado, Portugal é um país com elevada abertura em relação ao exterior e que até à pouco tempo apostava em factores como o baixo custo da mão de obra, promovendo e muito as exportações.
Temos também outros factores importantes, que conduziram a uma maior ou menor velocidade de crescimento, como por exemplo, a questão do êxodo rural na década de 60 e 70, as crises do petróleo, etc... Comparar apenas o nível de PIB per capita é uma análise demasiado estática e simplista, se tiver como objectivo defender ou rejeitar benefícios de uma ditadura.

A verdade é que Portugal é uma país pequeno que dança ao som dos poderosos colegas europeus e mundiais. É importante notar que a época de ouro do crescimento económico português também foi a década de ouro do crescimento económico a nível europeu.

Entrando num nível não económico, é importante notar que uma ditadura não permite por exemplo, a liberdade de expressão, logo não poderíamos estar aqui descansadinhos a escrever neste belo blog. Temos um caso bem saliente no mundo actual, em que os media e os acessos à internet da China são controlados...

E agora, se perguntarmos ao senhor Chow I Li, se prefere taxas de crescimento de dois dígitos ao ano ou maior liberdade de expressão (caricaturas de maomé à parte)? Sinceramente, não tenho cerezas quanto à resposta...

Uma sugestão, apresentar os prós e contras de uma ditadura, tomando como exemplo as ditaduras que bem entendam, fazendo um pouco o papel de advogado do diabo.

Ora bem. Os anos de ouro do crescimento portugues foram também os anos de ouro do crescimento europeu e como éramos e somos cada vez mais uma economia pequena aberta ao exterior o crescimento dos nossos parceiros europeus foi sem duvida um factor preponderante para o nosso crescimento. De qualquer forma não se deve tirar o mérito a Salazar de ter dado inicio à convergencia portuguesa porque ele era um ditador. Na verdade apesar do crescimento de portugal desde o final da ditadura até aos dias de hoje ter sido maior que durante o periodo ditaturial não desvaloriza o facto de que foi na decada de 50 e 60, no inicio do arranque dos anos de ouro, que se criaram as infrastruturas (energeticas, institucionais, industrias pesadas,...) que permitiram todo o crescimento que se seguiu. Ou seja sem essas politicas poderia não ter havido todo o desenvolvimento que se seguiu. Nesse ponto o Sr. Salazar teve mérito e é importante que lhe seja atribuido. Mas é importante lembrar e titulo de conclusão que o desenvolvimento de um país não se mede pelo valor da sua produção mas sim pelo bem estar e pela cultura dos seus habitantes. Assim a ditadura que por vezes é cómoda (Que jeito que agora dava uma ditadura no Iraque!) não é nem de longe, nem de perto a melhor solução.