http://www.makepovertyhistory.org estigma2005: Do dente à língua.

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sexta-feira, março 10 

Do dente à língua.

Nos comentários ao meu último texto verificou-se a natural aversão às
ditaduras. Num país como o nosso que viveu num regime opressor tanto tempo,
regime esse que terminou com um dos momentos mais gloriosos da história da
humanidade, não seria de esperar outra coisa. O que me propus fazer foi um
exercício de honestidade, não fazer do mal a estrela da época e tentar
mostrar algum benefício proveniente do Estado Novo. E podem ter a certeza, o
benefício foi considerável. Podem começar logo pela estrutura institucional
e o próprio respeito pelas instituições que esse momento político trouxe,
antes dele o país era anárquico, depois dele foi possível remodelar a casa e
tornar Portugal uma república democrática estável. Só com alguma
estabilidade é possível criar instituições duradouras, não devemos
considerar que os portugueses no fim da primeira república eram loucos e
estúpidos e que queriam uma ditadura porque sim. Muitos de nós se vivessem na
época apoiariam o regime, saturados de governos que caiem em 15 dias. Ou então
fugiam para o estrangeiro, vítimas de um país que não os compreende ou da sua
incompreensão do país em viviam.

O gráfico anterior não era de boa qualidade e era difícil ver os pormenores.
Mesmo assim não deve ter deixado dúvidas que nesse período Portugal viveu um
crescimento inédito. Podem alegar que na época os restantes países europeus
também cresceram muito. Não se esqueçam de dois pormenores:
-nós crescemos mais depressa em termos de PIB per capita;
-nós não tivemos industrialização nos séculos anteriores como tiveram esses
países.
Dadas o nosso contexto é excepcional o modo como conseguimos arrancar e
actualmente sermos um país desenvolvido e com um nível de vida muito
aceitável, especialmente quando temos em conta a miséria em que vive a maior
parte da humanidade.
Conseguimos ainda criar algumas estruturas básicas, aumentar a esperança de
vida e diminuir a taxa de analfabetismo. Mesmo tendo criado imensas
infra-estruturas e conhecer grandes avanços ainda sobrou muito para fazer nos
anos 80 e 90. Imaginem só como seria no princípio do século, saímos muito
atrás na grelha de partida.

O PIB per capita não revela a distribuição dos rendimentos, mas pode alguém
pensar que a generalidade dos portugueses não beneficiou, pelo menos um pouco,
com o crescimento? Falam de falta de liberdade de expressão. Parece-me a mim
que em certos momento sabe melhor dar ao dente que à língua. Precisámos da
ditadura para dar lugar a uma verdadeira (dentro do possível) democracia. foi
o caminho possível.
A ditadura teve a sua utilidade, foi um processo para atingir o estado actual.
Noutros países poder-se-ia dizer que um processo semelhante fosse útil. O
maior problema é encontrar um ditador honesto, o nosso nesse campo era uma
grande excepção à regra.

Agora que temos liberdade de expressão caímos no ridículo de não ter nada
para dizer ou não de dizer nada de pertinente. A liberdade é um meio de
catapultar outras ideias e de as desenvolver, só que lamentavelmente passou a
ser vista como um fim em si mesma. Usufrui-se fundamentalmente a liberdade de
não querer saber, as intituições tornam-se mortos-vivos, a democracia ficou
anémica. Ouvi um especialista dizer que há uma pandemia todos os séculos.
Há quem pense que vai ser o H5N1, também pode ser a anemia na sua estirme mais perigosa e contagiosa.
Talvez seja uma overdose de liberdade. Pode ser que relembrar o
passado funcione como adrenalina.

PS: o conceito de instituição tem um significado mais abrangente que o
habitual. De forma simplista podem considerar que, além do significado normal,
inclui também a teia de relações entre grupos sociais e um conjunto de
valores. Se tiver oportunidade farei uma exposição mais detalhada no futuro.

O desenvolvimento de Portugual

Pondo a tónica em: Será Portugal muito ou pouco desenvolvido?
Existe uma expressão interessante, que deixa na dúvida se Portugal fica no início ou no fim da Europa...

Há ainda outro ponto muito interessante que contrapõe: se Portugal é um prologamento de Espanha ou se pelo contrário é uma continuação de Marrocos...

Porque de facto, as diferenças para os médios países europeus (da zona da Europa do Meio) são enormes. Por exemplo, em Portugal não existe uma rede viária nacional digna desse nome; a rede de caminhos de ferro deixa também muito Portugal de fora; e assim, só com dois ou três aeroportos internacionais à beira mar plantados, é difícil chegar ao Portugal recôndito, tema para mais uns quantos milhares de programas de José Hermano Saraiva e afins... Assim, para melhor chegar a todo o País, o melhor é utilizar meios de transporte e vias mais rápidas. Ainda bem que vão construir o TGV e a OTA...

Por falar em OTA, lembrei-me agora. Quando o governo decidiu construir um novo aeroporto e teve que escolher um nome para o projecto em que é que estaria a pensar?.... Ah já sei, até parece que estou a ver um executivo a pensar com os seus botões de "punho" Pierre Cardin: "Ora deixa cá ver um nome... um nome... um nome... Ora quem vai pagar isto é povão... Isto até nem é uma prioridade muito grande... Normalmente quem paga bem por algo que não precisa é um... Mas claro!!! Otário -> OTA!!!!
- Sr. Primeiro-Ministro, acho que já sei um nome..."

Parece-me que na tua opinião Salazar foi aquilo que os historiadores chamariam de déspota esclarecido. Alguem que assume em si todo o poder mas que o usa sabiamente para o bem de todos. Para mim Salazar não era um déspota esclarecido mas também não era um pulha que percebia de economia, ou talvez fosse.lol. Não acho necessário que os nossos governos nos devam manter na miséria e na ignorancia para poderem fazer crescer o pais como fez salazar.

O principal motivo que me leva a ser mais benevolente com Salazar são os políticos modernos, esses são verdadeiros crápulas. Como disse, pelo menos Salazar era honesto, coisa rara em política e virtude que prezo muito.

Parece que não leram bem o que escrevi ou então eu escrevi mal. No período da ditadura houve um aumento de escolas e cuidados com a população. Portugal era um país extremamente atrasado.

Portugal é Portugal, nem é um prolongamento da Espanha nem uma continuação de Marrocos. Somos um país com identidade e cultura própria e, nos padrões que se entendem normalmente como de desenvolvimento, somos um país desenvolvido sem qualquer sombra de dúvida.
Comparar portugal com Marrocos é de um enorme mau gosto e revela ignorância acerca do que é um viver num país pobre. Talvez viver algum tempo em Marrocos como marroquino fizesse abrir os olhos aos portugueses para apreciarem o que atingimos.

A ditadura pode não ter sido boa. A questão é: haveria alguma alternativa melhor? Penso que não. Foi um momento da nossa história e deu o seu contributo aquilo que somos hoje, sem ela estariamos pior.

A ditadura tem o mesmo problema da ex-URSS, o que ficou na memória acerca da URSS foram as filas para receber alimentos racionados e a fome. Foi o fim da URSS que mais marcou, o momento em que estava a saque. Em Portugal é o mesmo, o que ficou na memória foi o lado negativo.
Há quem só use uma página em cada folha. Eu gosto de usar as duas. Preocupações ambientais...

Ora aí está o que se pretende meus senhores, temos que chegar ao àmago da questão. Confesso que de momento ando com um vazio de ideias mas prometo dentro em breve um regressso em força (???) para todos juntos levarmos este blog para o caminho do TOP 10 de blogs nacionais...

"Para a frente é o camninho"

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