http://www.makepovertyhistory.org estigma2005: setembro 2006

quinta-feira, setembro 28 

A metrópole colónia e a importação da linha ex-colonies delux

Não sei o que se passa com os portugueses. Estão taralhoucos, já nem português sabem falar. A influência inglesa e a mioleira mole que o ar de Lisboa traz leva a que jánem saibam falar português. Vou só dar dois exemplos, resultantes do meu contacto com os jornalistas, profissão a que se exige um domínio da língua portuguesa.

Neste artigodo DN acabei de ler:
Concluiu-se que a política internacional (a política doméstica é uma história com contornos diferentes...) não vende...
para breve promete-se uma actualização no INE para passar a calcular o Produto Doméstico Bruto ou, numa fase mais avançada, o Produto Doméstico Grosso.

Deixo-vos a definição de doméstica, para que seja mais claro:
doméstica | s. f.
fem. sing. de doméstico
doméstica
s. f.,
mulher que se emprega nos trabalhos domésticos mediante salário;
mulher que só trata da sua casa, não exercendo nenhuma outra ocupação profissional.

Sugiro ao DN que crie uma secção de política doméstica, assunto de grande interesse para todos.

Ontem vi uma reportagem na RTP e também incluiu duas pérolas dos jornalistas: bilião e indústria.

O bilião vinha de bilion, que em português é milhar de milhão (1.000.000.000).
bilião
do Fr. billion
s. m.,
um milhão de milhões;
(nos EUA) um milhar de milhões.


Indústria vinha de industry, que em português é sector. (em Portugal temos a lendária Economia Indústrial, que sobre do mesmo problema de tradução e certamente entrou no país por Lisboa)
do Lat. industria
s. f.,
conjunto das actividades relativas à transformação de matérias-primas em bens de produção ou de consumo, servindo-se de técnicas, instrumentos e maquinarias adequados a cada fim;
actividade económica do sector secundário que engloba as actividades de produção e transformação por oposição ao primário (actividade agrícola) e ao terciário (prestação de serviços);
o conjunto das empresas industriais;
habilidade e destreza para realizar algo;
aptidão;
arte;
perícia;
profissão;
ofício;
invenção;
astúcia;
engenho.


É o que dá todos querem aprender línguas alienígenas e não chegarem a dominar a própria língua - usam-se as palavras de fora "aportuguesadas" e gera-se a confusão para quem sabe falar português. Quer saber inglês? Aprenda português primeiro, não se aprende uma língua estrangeira sem ter uma nacional.


Mais caricata foi a expansão de palavras de antigas colónias em Portugal, agora essas palavras passam por correctas. O melhor exemplo é estória, derivada directamente de story (foi uma ideia brasileira... ideia no Brasil escreve-se idéia, quase nem vale a pena referir que já vi essa versão em textos portugueses).

Procurem estória e vão encontraro seguinte:
A palavra não foi encontrada.

O corrector ortográfico do FLiP apresenta as seguintes sugestões:
história
estaria
escória
estoira
historia
estria
estónia
estourai

É que não basta um dicionário armar-se em moderno e acrescentar palavras para que isso passe a ser regra. Quando quiserem usar palavras da linha ex-colonies delux pelo menos tenham noção que de facto estão a escrever mal.

Aqui mais informações sobre o assunto, mas não muitas.
Outra notícia do DN refere questões de língua e ensino básico. Parece que querem ensinar mais umas coisas aos pobres e estúpidos alunos que não têm capacidade para aprender nada. É uma desgraça, não acham?

O dicionário utilizado foi o Priberam.pt

sexta-feira, setembro 15 

Teste personalidade Evangelion

Evangelion é uma das grandes séries de animação que alguém pode ver. Quem já viu certamente que não se esquece dos personagens que fazem essa complexa série. Este teste é especialmente para esses, quem não tiver nada melhor para fazer pode fazer o Rei compatibility test, um teste feito por fãs da série e que acaba por ser engraçado.

O meu resultado é 52% de compatibilidade com a Rei, fiquei contente porque a Rei é uma personagem que reúne uma enorme puresa com uns enormes problemas psicológicos.

Os resultados deste teste que eu achei muito engraçado:
The following table divides a general personality into four aspects. Your personality aspects are shown in the middle column of the table. Each aspect's compatiblity with Rei is shown in the far-right column, and you can look at these to get a rough idea of your overall compatiblity.

Your Personality Aspects:
Aspect Category Your Aspect Compatibility With Rei
Abstract/Concrete CONCRETE INCOMPATIBLE
Introvert/Extrovert INTROVERT COMPATIBLE
Logical/Emotional LOGICAL COMPATIBLE
Dominant/Submissive DOMINANT INCOMPATIBLE

You are most like the Evangelion character: Gendo Ikari



Just like Commander Ikari, your combination of Dominance and Logic make you an effective leader. Also, you would have a good working relationship with Rei just like the Commander did. However, don't expect as good of a relationship with Rei as the Commander had... sooner or later, the aspects of your personality that conflict with Rei will make a relationship with her difficult.


Os que os exames nos levam a fazer! :)

domingo, setembro 10 

Alguém quer publicar um livro?

Encontrei este post num fórum por acaso, pelo que vou tentar reproduzir de forma sucinta o que trata. Revelo já que interessa profundamente a quem quiser ver um livro seu publicado mas não tenha ainda sido bafejado pela sorte de ser contactado por uma editora.

O conceito é bastante simples, o site Lulu permite publicar os livros com a história da vossa vida ou o que acharem interessante. O registo no site é gratuito e o processo é intuitivo, podem escrever press releases entre outras coisas. Se quiserem encomendar para vocês ou amigos, pagam o preço de custo e são também vocês a determinar a margem de lucro resultante da venda de cada livro.

Quando o lucro dos livros ultrapassar os 20 dólares, receberão o valor. E pronto, é assim. Se tiverem dúvidas, visitem o site.

 

O fim da silly season

É verdade meus senhores! Não são só as ilustres figuras do panorama político português que passam por essa terrível fase todos os anos, só comparável no factor pasmaceira à tensão pré-menstrual que afecta a população feminina.

Mas enfim, duplamente plagiando, se bem que só o original se pode plagiar, primeiro estranha-se, depois entranha-se.

O blogue está de volta, o marasmo terminou... se bem que os intervenientes continuam a ser os mesmos, o que demonstra um desvio em relação aos cerca de 50 colaboradores (homenagem explícita e descarada a Luís Filipe Vieira) previstos no aniversário do primeiro ano do blogue, lá para Novembro. Pondera-se o sorteio de prémios por post no blogue, um género de barraquinha de feira que dá sempre prémio nem que seja uma caixa de fósforos, mas a proposta, ainda em fase de discussão, tem de ser aprovada por maioria pelo núcleo duro da administração.

Aceitam-se sugestões quanto à forma de aumentar o número de colaboradores activos, desde que tal não implique um dispêndio exagerado de bens monetários ou afins por parte da administração. Aceitam-se também brindes que possam ser sorteados pelos criadores dos posts.

 

nós - outros

Duas histórias que mostram bem o que os portugueses têm por fazer.

Contrariado, fui ver o filme Voltar e se me estou a dar ao trabalho de escrever sobre ele é porque fui surpreendido pela qualidade do filme (recomendo cautela com os críticos que analisam o filme em comparações com a obra do realizador em vez do restante panarama cinematográfico). Com excelentes trabalhos ao nível da representação, o filme consegue dar peso ao prato da balança mais emocional e ao prato da boa disposição, resultando num bom equilíbrio entre ambos.

O que me motivou a escrever sobre o filme foram as semelhanças entre vários daqueles ambientes espanhóis e os portugueses. O conjunto de valores das pessoas, a forma como se comportam nos funerais, o hábito de limpar campas regularmente e até de as comprarem com avanço, o papel de Raimunda que cabe perfeitamente num tipo de mulher despachada que por estas bandas podemos encontrar, até a roupa das pessoas da aldeia, tudo parece convergir com o que fica a sul do rio Minho. Mudassem a língua e as matrículas dos carros e não teríamos problemas em dizer que se tratava de Portugal.
Encontrei deste modo, num filme que nem sequer é português, um bom retrato de Portugal, aquele Portugal a sério que não se sente desconfortável com ser português nem aspira a ser uma nação estrangeira*. Isso bastou para me impressionar com o filme desde início, depois o mérito vai para actores e realizador.

Continuando nestas questões de encontrar Portugal, recentemente comprei o livro Portuguese Voyages 1498-1663 Tales os the Great Age of Discovery, que é um compilação de vários livros dessas viagens, por exemplo uma carta de Pedro Vaz Caminha sobre a descoberta do Brasil ou o "Roteiro da viagem que em descobrimento da India pelo Cabo da Boa Esperança", entre muitos outros. Para poder ler estes documentos de grande interesse é evidente que não preciso de ler a tradução inglesa: também já encontrei vários dos textos em francês. É curiosa esta forma de nos tratarmos a nós mesmos. Os ingleses tentam apropriar-se do Infante D.Henrique dado que a sua mãe, Filipa de Lencastre, tem origem inglesa. Com o nosso afinco em promover o que é nosso não me admirava nada que tivessem sucesso. Afinal, Colombo só é tão famoso porque não não soubemos promover adequadamente os nossos feitos muito menos "aleatórios"...
É estranho que para encontrar Portugal tenha de ir ao que se produz fora do país.


* refiro-me evidentemente há nossa "desproporcionada capital", a mais provinciana da Europa.

sexta-feira, setembro 8 

Primeiro estranha-se, depois entranha-se

Foi esta a frase que Fernando Pessoa pensou em 1928 para slogan da Coca-Cola (acabada de entrar no mercado português).
Apesar de notável foi proíbida pela Direcção de Saúde uma vez que indiciava a toxicidade do produto.

Apesar de algo antiga, a frase continua(rá) actual... De facto, primeiro achamos muito estranho que qualquer coisa, mas rapidamente nos habituamos a que qualquer coisa seja interiorizada e se torne banal.

Aliás, esta frase pode ser aplicada a uma multitude de situações pois está intimamente relacionada com a essência humana:
Tornar o estranho em familiar.