Panorama dos jogos de vídeo, texto do Nebur do mconsolas
Este texto foi-me enviado para comentar pelo Nebur do fórum mconsolas.net . Segui a sua sugestão e publiquei o seu texto, ao qual acrescento os meus comentários.
"Clássicos?
[1] Há cerca de dois anos, não mais do que isso, surgiu uma nova tendência: revitalizar – e não ressuscitar, dar seguimento, como aconteceu com Prince of Persia e Ninja Gaiden, por exemplo – os “clássicos”. Nas 128 bits. É uma iniciativa louvável, não fosse o facto de para o comum dos jogadores os “clássicos” não passarem de uma curiosidade.
Independentemente do sucesso ou fracasso comercial de cada título, há dois pontos importantes que não devem passar despercebidos.
Primeiro: a limitação desses mesmos títulos, frequentemente centrados numa produtora, como a Atari, ou numa personagem, como Sonic ou Megaman.
Segundo: a ausência do conceito de História dos Videojogos e o papel dos Média na sua transmissão.
[2] Quanto ao primeiro ponto, e dando uma opinião pessoal, poucas dessas colectâneas me suscitaram algum interesse. Penso que seria muito mais interessante uma grande colaboração entre várias importantes produtoras, de modo a termos acesso aos “Best of” de cada consola, como a Mega Drive, Super Nintendo, etc. Assim seria possível jogar um Super Mário na PS2, ou um Metroid na Xbox.
[3] Quanto ao segundo ponto: a Indústria dos Videojogos é, actualmente, uma das mais importantes e lucrativas indústrias do Mundo, embora passe despercebida – ou seja hostilizada – pela maioria dos Média.
A imprensa especializada é formada maioritariamente – e tendo em conta o panorama mundial – por pseudo-jornalistas e pseudo-críticos, amantes do “jogo do momento”. Na tradição Anglo-americana, as “revistas de jogos” são um amontoado de imagens sem sentido. O Fanatismo é incapaz de transmitir moderação, logo, conhecimento. Os “clássicos” são, também para eles, uma mera curiosidade.
[4] O autismo da Indústria é bem visível dentro das próprias produtoras, incapazes de afirmar o seu trabalho ou reivindicar o que quer que seja. Os jogadores insistem impávidos e ignorantes ao passado, presente e futuro da Indústria, como assistiram ao seu colapso na década de 80, inundada por indiferentes, também eles, títulos. Foi nesse terreno pantanoso que um dia nos movimentámos."
O meus comentário foram feitos ponto a ponto e são os seguintes:
[1] De facto os clássicos são uma curiosidade. Nessas transposições geralmente há um grande número de alterações ao jogo, de tal modo que na maior parte dos casos o que têm em comum é apenas uma história ou um nome.
Nesses casos o que me parece mais adequado é que os jogos sejam jogados tal qual eram, ou então feitos jogos que mantenham as mesmas linhas de jogo sem alterações radicais (por exemplo: passar de 2d para 3d é uma tarefa muito complexa, principalmente se quisermos ser fiéis ao original). A evolução dos jogos foi de tal forma rápida que as adaptações tornam-se difíceis. No entanto essa situação deve alterar-se no futuro, com os jogos a terem uma evolução mais lenta e a tomarem outros sentidos ou retomarem jogabilidades que se tinham abandonado (como faz a XBox 360 com os seus jogos de arcade por download no serviço on-line).
[2] Vais de encontro à minha opinião, se bem que eu não vejo grande interesse na disponibilização de "best of" mas sim na disponibilização, possivelmente online, de todos os jogos anteriores. Seria como uma biblioteca onde poderiamos encontrar todos os livros escritos.
[3] O papel dos média não é fazer história, é comunicar informações. Registar a história é um dever dos historiadores, os jogos têm de encontrar o seu lugar na área de história, tal como o cinema ou a música o fizeram. O facto de os jogos serem um fenómeno cultural recente e que vem de um meio pouco artístico/académico não favorece a escrita da história. Espero que alguém se dedique a escrever livros de história dos jogos de vídeo e que se comece a fazer uma sistematização da mesma, esses esforços seriam muito úteis. No entanto essa não é a minha área de maior interesse, se bem que é útil para outros desenvolvimentos que me cativam.
[4] Nem todos os jogadores são assim, há é uma cultura de massas dominante nos jogos que torna os jogadores activos insignificantes do ponto de vista das vendas.
As produtoras não revindicam nem arriscam muito tal como acontece noutras áreas, é uma questão da cultura contemporânea. Dentro de algum tempo os negócios vão ter de mudar porque se as empresas procuram em demasia agradar ao cliente, dar-lhe aquilo que ele quer, vão começar a tornar-se aborrecidas e a perder negócio. Daqui a algum tempo vamos ter alterações nos jogos e noutras formas de arte porque o modelo de marketing da maior parte das empresas vai entrar em ruptura.
"Clássicos?
[1] Há cerca de dois anos, não mais do que isso, surgiu uma nova tendência: revitalizar – e não ressuscitar, dar seguimento, como aconteceu com Prince of Persia e Ninja Gaiden, por exemplo – os “clássicos”. Nas 128 bits. É uma iniciativa louvável, não fosse o facto de para o comum dos jogadores os “clássicos” não passarem de uma curiosidade.
Independentemente do sucesso ou fracasso comercial de cada título, há dois pontos importantes que não devem passar despercebidos.
Primeiro: a limitação desses mesmos títulos, frequentemente centrados numa produtora, como a Atari, ou numa personagem, como Sonic ou Megaman.
Segundo: a ausência do conceito de História dos Videojogos e o papel dos Média na sua transmissão.
[2] Quanto ao primeiro ponto, e dando uma opinião pessoal, poucas dessas colectâneas me suscitaram algum interesse. Penso que seria muito mais interessante uma grande colaboração entre várias importantes produtoras, de modo a termos acesso aos “Best of” de cada consola, como a Mega Drive, Super Nintendo, etc. Assim seria possível jogar um Super Mário na PS2, ou um Metroid na Xbox.
[3] Quanto ao segundo ponto: a Indústria dos Videojogos é, actualmente, uma das mais importantes e lucrativas indústrias do Mundo, embora passe despercebida – ou seja hostilizada – pela maioria dos Média.
A imprensa especializada é formada maioritariamente – e tendo em conta o panorama mundial – por pseudo-jornalistas e pseudo-críticos, amantes do “jogo do momento”. Na tradição Anglo-americana, as “revistas de jogos” são um amontoado de imagens sem sentido. O Fanatismo é incapaz de transmitir moderação, logo, conhecimento. Os “clássicos” são, também para eles, uma mera curiosidade.
[4] O autismo da Indústria é bem visível dentro das próprias produtoras, incapazes de afirmar o seu trabalho ou reivindicar o que quer que seja. Os jogadores insistem impávidos e ignorantes ao passado, presente e futuro da Indústria, como assistiram ao seu colapso na década de 80, inundada por indiferentes, também eles, títulos. Foi nesse terreno pantanoso que um dia nos movimentámos."
O meus comentário foram feitos ponto a ponto e são os seguintes:
[1] De facto os clássicos são uma curiosidade. Nessas transposições geralmente há um grande número de alterações ao jogo, de tal modo que na maior parte dos casos o que têm em comum é apenas uma história ou um nome.
Nesses casos o que me parece mais adequado é que os jogos sejam jogados tal qual eram, ou então feitos jogos que mantenham as mesmas linhas de jogo sem alterações radicais (por exemplo: passar de 2d para 3d é uma tarefa muito complexa, principalmente se quisermos ser fiéis ao original). A evolução dos jogos foi de tal forma rápida que as adaptações tornam-se difíceis. No entanto essa situação deve alterar-se no futuro, com os jogos a terem uma evolução mais lenta e a tomarem outros sentidos ou retomarem jogabilidades que se tinham abandonado (como faz a XBox 360 com os seus jogos de arcade por download no serviço on-line).
[2] Vais de encontro à minha opinião, se bem que eu não vejo grande interesse na disponibilização de "best of" mas sim na disponibilização, possivelmente online, de todos os jogos anteriores. Seria como uma biblioteca onde poderiamos encontrar todos os livros escritos.
[3] O papel dos média não é fazer história, é comunicar informações. Registar a história é um dever dos historiadores, os jogos têm de encontrar o seu lugar na área de história, tal como o cinema ou a música o fizeram. O facto de os jogos serem um fenómeno cultural recente e que vem de um meio pouco artístico/académico não favorece a escrita da história. Espero que alguém se dedique a escrever livros de história dos jogos de vídeo e que se comece a fazer uma sistematização da mesma, esses esforços seriam muito úteis. No entanto essa não é a minha área de maior interesse, se bem que é útil para outros desenvolvimentos que me cativam.
[4] Nem todos os jogadores são assim, há é uma cultura de massas dominante nos jogos que torna os jogadores activos insignificantes do ponto de vista das vendas.
As produtoras não revindicam nem arriscam muito tal como acontece noutras áreas, é uma questão da cultura contemporânea. Dentro de algum tempo os negócios vão ter de mudar porque se as empresas procuram em demasia agradar ao cliente, dar-lhe aquilo que ele quer, vão começar a tornar-se aborrecidas e a perder negócio. Daqui a algum tempo vamos ter alterações nos jogos e noutras formas de arte porque o modelo de marketing da maior parte das empresas vai entrar em ruptura.