http://www.makepovertyhistory.org estigma2005: O cérebro do chimpanzé

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quinta-feira, junho 1 

O cérebro do chimpanzé

Jane Goodall pode ser encontrada em entrevista ao DN, começa por falar em chimpanzés e termina com o Homem. A entrevista não começou mal e cativou-me a fazer o leitura da mesma. Infelizmente pouco tempo depois começa o desastre e o paradoxo, a defesa e a oposição de uma mesma coisa.

A dado momento da entrevista encontramos:

"Da espécie humana diz que o cérebro é capaz de coisas maravilhosas, mas também de outras terríveis. Qual será o balanço final, na sua opinião?

Depende de nós e da próxima geração. Mas penso que houve um corte entre o nosso cérebro extremamente inteligente e o coração, ou seja, a compaixão e o amor. Essa rotura faz do ser humano uma criatura perigosa.

(...)

A religião é assim tão importante?

A religião é hoje responsável por grandes violências. Os fanáticos islamistas, cristãos e judeus são responsáveis pela maior parte dessa violência. Precisamos de quebrar as barreiras erigidas pelos fanáticos. Temos que criar uma massa crítica entre a juventude, da qual sairão as futuras gerações de líderes, que acredite que vida não passa só por fazer dinheiro."

A resposta à primeira questão que citei não me causou uma perplexidade imediata. Eu não ponho a questão naqueles termos, prefiro considerar que nós, Homens, continuamos com um comportamento fundamentalmente emocional e com uma racionalidade que se remete para questões tecnológicas. Mesmo assim aceitei aquela aproximação por parte da entrevistada da aparente ruptura com as emoções , que na minha prepectiva não passa de um afecto por um novo objecto, mais material só que igualmente emocional. O Materialismo é a nova paixão e essa dama faz-se cara.

A isso seguem-se uns exemplos sem grande valor nem interesse, leiam a entrevista para os conhecer. Da minha parte passamos já à segunda citação que menciona as religiões. As religiões também são um produto do coração e geralmente assentam em ideias de compaixão e amor. Claro que não é nem tem de ser sempre assim e aquilo que fica denominado como fanatismo é, para a entrevistada, uma religião desvirtuada - sem coração. Aqui vi o problema a que inicialmente não tinha dado importância sobre a forma como é apresentada a nossa alteração de paixão para o Materialismo. Jane, que desde que foi baptizada estava condenada a passar o tempo na selva com macacos, não consegue avaliar correctamente o comportamento humano e acaba por dizer que nós, por qualquer truque de magia, mudámos repentinamente para um cérebro que funciona de outra maneira, fria e material. Talvez devesse ter em conta que nos exemplos que menciona a alteração do comportamento se deve a questões sociais/valores que direccionavam as emoções para outros objectos. Também não precisava de se esquecer que os ditos "fanáticos" não agem com outra coisa que não seja o coração e que esse coração tanto nos leva para o bem como para o mal, ambos são indefiníveis para a nossa racionalidade e assentam no "coração" (emoções).
Jane é uma ditadora do bem, "pensem o que eu penso e o bem reinará". Se todos fossemos igualmente fanáticos por uma religião não existiriam grandes problemas: quando todos pensamos e agimos da mesma forma não é fácil desenvolver conflitos.
Só que nós somos diferentes, discordamos, e o que ganha valor não é o bem, é o poder, a força. A nossa espécie coopera para vencer uma outra parcela da nossa espécie e, tal como nos restantes animais, as relações de conflito são parte importante na definição dos grupos. As lógicas de paz e amor generalizadas a toda uma sociedade são anti-naturais, querem retirar-nos o conflito, algo que nos é fundamental (a nível individual a situação é diferente).
A entrevistada, que no fundo tenta uma ruptura entre "cérebro extremamente inteligente e o coração", falhou e as conclusões que tomou resultaram numa poça de paradoxos. Somos seres emocionais, mas dominamos algumas regras de lógica e se elas são violadas damos por isso.
Quando escrevemos textos como este ou quando respondemos a entrevistas há uma parte de nós que trabalha as emoções com as ferramentas da racionalidade de forma a que possam ser comunicadas, nós não conseguimos transmitir emoções em estado puro. A qualidade dessas ferramentas é que faz toda a diferença no trabalho constante de persuasão (a forma de conflito ideal, sem destruição de uma ou ambas as partes) e nesta entrevista essas ferramentas mostram que precisam de ser afinadas. É que o coração não é só amor e compaixão, também é ódio e frialdade.

As religiões são peças importantes na alteração de comportamentos e de "guerra" ao materialismo. A espiritualidade, experiência individual, depende da religião e é o afastamento dela que dá lugar ao Materialismo. A fé é sempre uma forma de fanatismo, é necessário acreditar que aquele conjunto de ideias é que nos conduz ao bem.

Podemos, tal como acontece comigo, defender que o Materialismo é "mau", é uma paixão que nos leva a um sentimento de fracasso e constante insatisfação. Só que para defendermos isso temos de ter em conta que estamos a trabalhar com uma base emocional diferente, é essa base que nos indica o que é bom e o que é mau, já que estes não existem no absoluto. Temos de reconhecer que os outros seguem um processo igual ao nosso e que direccionam muitas das suas emoções para questões materiais (a seu ver isso é o bom), iniciando-se um conflito entre o que é desejável para uns e para outros.
No fundo é mais um conflito, a história repete-se, como sempre.

a escumalha da tourada prepara-se para fazer no sábado a primeira tourada em queijas, oeiras. apesar das centenas de e-mails, faxes e cartas, a junta de freguesia não cancelou a mesma. vários cartazes desta tourada foram rasgados e pintados em queijas, valejas, amadora, massamá, queluz, cacém, etc.

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