http://www.makepovertyhistory.org estigma2005: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

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terça-feira, abril 25 

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Nos primeiros momentos do dia 25 de Abril de 2006 alguém se lembra de entoar os célebres versos de Luís de Camões ao ritmo da canção do José Mário Branco (1968)...

Porquê?

Esta canção fazia todo o sentido numa altura em que o povo se uniu contra a forma de governo estabelecida... Actualmente vivem-se outras vontades... De facto, tudo mudou e a união não existe... A sociedade esparsou-se e individualizou-se... O zé povinho tenta viver a sua vida em paz desleixando tudo o que foi conquistado com o 25 de Abril de 1974: liberdade para afirmar vontades e opiniões do povo...

Todos os sectores (menos os grandes interesses financeiros) da sociedade estão descontentes com o rumo do actual executivo: atacar o câncro que são os tribunais, polícias e demais funcionários públicos.

A situação económica actual não se deve ao zé povinho que foge aos impostos, não pede nem exige facturas e que ainda tenta roubar ou vigarizar o estado. Deve-se sim a quem negoceia contrapartidas financeiras (para fixar capitais e empresas concedem a redução de impostos que seriam de todos nós), a quem tem e utiliza na totalidade o subsídio de reintegração social (apesar de terem sempre mais um posto de administração numa empresa qualquer), a quem deveria trabalhar 4 vezes mais que um qualquer funcionário (após 2 mandatos = 10 anos na AR um deputado pode reformar-se com pensão por inteiro e ainda vai trabalhar num gabinete de advocacia e fazer valer os seus conhecimentos e favores granjeados) e que falta nos dias que lhe convém (inclusive quando é para desempenhar o trabalho para o qual foi eleito), a quem sobrecarrega todos os contribuintes de igual forma (quer a pequena percentagem de riquíssimos, quer o zé povinho dos trezentos), a quem vota útil (ou melhor fútil) e contribui para o marasmo em que caiu esta democrácia...

Vivemos uma crise de valores... Não económicos mas sim morais...

E novamente se canta para ver se é possível mudar o rumo das coisas:


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Isso, não será uma visão demasiado apocaliptica. Estará o horizonte assim tão negro. Como alguém me dizia à dias, o segredo é saber transformar as adversidades em oportunidades. Acho que vai haver uma convulsão social mas o resultado será sempre melhor.

É exactamente disso que estou à espera usual suspect: uma convulsão social que traga novas responsabilidades e moralidades a esta sociedade...

Penso que é sempre possível melhorar e acredita que tudo faço para contribuir para isso...

Acrescento ainda que como estou constantemente em contacto com os Homens de amanhã eu vejo e antecipo desde já grandes dificuldades...

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